Entre 2017 e 2023 o número de investidores na bolsa passou de 620 mil para mais de 6,2 milhões (dados de agosto de 2023). Com a entrada de mais de 5,5 milhões de novos investidores nestes últimos anos, surgem algumas perguntas importantes.
Essas e outra questões são importantes e devem ser levadas em conta na hora de começar a investir. E por isso é necessário ter um mínimo de conhecimento antes de entrar no mercado.
Dentre os fatores que são importantes para as decisões de investimento estão o momento econômico do país (o que envolve aspectos relacionados à taxa de juros e inflação) e também como o mercado está se operando, se está com uma tendência de alta, de baixa ou se está 'andando de lado'.
Essas informações vão servir para direcionar que o investimento seja mais focado em renda fixa ou em renda variável, por exemplo. Além disso, elas podem sinalizar se o investidor deve adotar uma postura mais defensiva ou se ele deve adotar estratégias mais arrojadas.
E um dos conceitos básicos que o investidor precisa saber antes de adotar alguma estratégia é conhecer as tendências de mercado: 'bull market' e 'bear market'.
"Bull market" e "Bear market" são termos utilizados para descrever tendências opostas nos mercados financeiros, especialmente no mercado de ações. Eles refletem o comportamento geral dos preços dos ativos ao longo do tempo.
Um "bull market" é um período em que os preços dos ativos, como ações, estão em crescimento constante ou significativo. É caracterizado por otimismo generalizado entre os investidores, aumento na demanda por ações e uma sensação de confiança no mercado financeiro. Durante um bull market, é comum ver ganhos consistentes no valor dos ativos ao longo do tempo.
No bull market os investidores podem optar por comprar ações de empresas sólidas com foco no longo prazo, com a expectativa de que seus valores continuem aumentando ao longo do tempo. É uma estratégia conhecida como Buy and Hold (comprar e ficar coma ação).
Neste cenário, alguns setores podem apresentar um desempenho superior na bolsa, como o setor de tecnologia e de consumo.
O "bear market" é o oposto do bull market!
O bear market é um período em que os preços dos ativos estão em declínio constante ou significativo. Isso geralmente ocorre quando há uma falta de confiança no mercado, preocupações econômicas ou eventos negativos que afetam a confiança dos investidores. Durante um bear market, os investidores tendem a ser mais cautelosos e os preços dos ativos geralmente diminuem.
Neste cenário os investidores assumem uma posição mais defensiva. Eles podem podem optar por mover parte de seus investimentos para ativos mais seguros, como títulos do governo, ou diversificar suas carteiras para minimizar riscos.
Uma outra opção é investir em empresas de setores perenes, que são empresas que têm a geração de receitas e de lucros mais previsíveis e que por isso tendem a pagar dividendos constantes. Ações de empresas que pagam dividendos consistentes podem ser uma boa escolha, já que os dividendos podem fornecer alguma renda durante um período de baixa.
Existe até um acrônimo para estas empresas, conhecidas como BESST (que tem a pronúncia similar ao termo "best" do inglês e que indica que são as melhores empresas). O nome BESST vem das iniciais dos setores de Bancos, Energia, Saneamento, Seguros e Telecomunicações.
Por serem empresas que fornecem produtos ou serviços públicos essenciais para a população, elas não são fortemente afetadas pelo desempenho da economia.
Existem ainda operações mais avançadas no bull market, como operações de venda a descoberto (short selling) em que traders experientes podem tentar lucrar com a queda dos preços das ações, emprestando ações de terceiros e vendendo-as a um preço mais alto, com a intenção de recomprá-las a um preço mais baixo.
Além das tendências do mercado, outro fator importante a ser considerado é com relação à taxa de juros ou inflação, que vão direcionar os investimentos para renda fixa ou variável.
Quando a taxa de juros está mais alta é comum que muitos investidores invistam em renda fixa, geralmente em algum título atrelado à taxa Selic por exemplo, onde o risco é menor e a remuneração pode ser mais interessante.
Quanto a taxa de juros está baixa ou com tendência de queda, a renda variável e o investimento em bolsa tendem a ser mais rentáveis, apesar do risco ser um pouco maior. Neste cenário é esperado um estímulo ao consumo pelo efeito multiplicador, fazendo com que as empresas na bolsa vendam mais e tenham melhores resultados.
São conceitos simples, mas que nem todos os investidores têm conhecimento.
O momento que o Brasil vive atualmente no mercado financeiro (ago/2023) é de uma taxa de juros alta e um grande número de investidores. Mas isso nem sempre foi assim. De alguns anos para cá temos vistos mudanças importantes nestes dois aspectos.
Com relação às taxas de juros, a taxa Selic apresentou uma tendência de queda entre 2016 e o final de 2020, quando a taxa chegou a 2,0% a.a, uma situação em que o aumento do consumo é estimulado. É importante observar que taxas de juros baixas servem como um gatilho para o aumento da inflação.
De 2021 até agosto de 2022 vimos um crescimento constante e gradual da Selic, a medida econômica mais utilizada para controle de inflação. A Selic se manteve em 13,75% a.a. entre agosto de 2022 e agosto de 2023, dando sinais de queda a partir dessa data.
E essa é uma informação que potencialmente impacta diretamente os resultados dos investimentos e o comportamento dos investidores.
Independente da taxa de juros ou inflação, é sempre importante manter um valor investido em renda fixa para reserva de emergência ou para aproveitar oportunidades na bolsa. Esse valor pode variar, mas deve cobrir de 6 a 18 meses do custo de vida atual do investidor, considerando despesas básicas.
É importante que essa reserva de emergência seja investida em ativos ou fundos de alta liquidez, até mesmo em função do seu propósito (emergência ou aproveitar oportunidades).
E por fim também tem a questão dos conflitos de interesses.
Muitos investidores, por falta de conhecimento ou por conta dos vieses comportamentais, acabam cometendo erros que podem custar muito dinheiro no longo prazo. Um dos erros mais comuns é investir por meio de dicas de terceiros com base em conceitos equivocados ou por conflito de interesses.
O conflito de interesses entre investidores e instituições financeiras surge quando essas entidades, como corretoras ou bancos, oferecem produtos ou serviços que podem não estar alinhados com os melhores interesses dos investidores. Isso ocorre quando as instituições priorizam suas próprias metas financeiras, como a obtenção de comissões ou lucros, em detrimento da obtenção dos melhores resultados financeiros para os clientes.
Esses conflitos podem resultar em recomendações de investimento enviesadas, venda de produtos complexos e caros sem a devida transparência, ou a falta de divulgação de informações importantes que os investidores precisam para tomar decisões informadas.
O “investimento em poupança" ou em "títulos de capitalização" são exemplos destes tipos de investimentos.
Poupança e títulos de capitalização são produtos financeiros com baixa rentabilidade e que geralmente servem apenas como correção monetária. Em outras palavras, eles não vão gerar ganhos para o investidor e sim evitar que o dinheiro se desvalorize ao longo do tempo.
Para o banco que está oferecendo estes produtos é interessante, porque ele capta o seu dinheiro barato e remunera pouco por isso.
E é justamente o seu dinheiro que o banco vai emprestar para terceiros com uma taxa de juros maior, ganhando muito com isso, o que é chamado de spread bancário.
Por isso fique você precisa ficar atento ao possível conflito de interesses de quem está te oferecendo uma dica de investimento, seja um banco, uma corretora ou um influenciador.
Para proteger seus interesses, os investidores devem estar cientes desses conflitos, buscar orientação independente e examinar cuidadosamente as ofertas financeiras antes de tomar decisões de investimento.
Existem muito boas opções de instituições financeiras sérias por aí, que estão interessadas no seu sucesso financeiro. E para evitar de cair em golpes, armadilhas ou dicas enviesadas, procure conhecer as melhores opções de bancos e corretoras para seus investimentos, aquelas que se adequem mais ao seus objetivos e perfil como investidor.
Existem muitas formas de fazer o seu dinheiro render mais e conhecer isso vai te ajudar a chegar mais rápido nos seus objetivos. Então aprenda a investir melhor e bons investimentos!
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