Neurociências e Investimentos

A neurociência está cada vez mais presente no mundo dos investimentos. Saiba como nossa racionalidade limitada e os vieses de comportamento influenciam nossas decisões financeiras.

Neurociências e Investimentos

Neurociências, Economia Comportamental e Finanças Comportamentais são temas que frequentemente são associados aos investidores e traders. Ter conhecimento sobre essas áreas pode ajudar o investidor a ter mais sucesso, evitando perdas e potencializando os ganhos. 

A neurociência é uma disciplina interdisciplinar que combina elementos da biologia, bioquímica, psicologia e de outras áreas para compreender como o cérebro funciona e como ele influencia o comportamento, as decisões, a cognição e as emoções.

Além de sua importância na área da saúde, a pesquisa em neurociência tem implicações em diversas áreas, como economia, finanças e marketing. Da relação entre a neurociência e essas áreas do conhecimento surgiram vários estudos sobre "economia comportamental", "finanças comportamentais" e estudos sobre o "comportamento do consumidor".

Aqui vamos focar nas duas áreas relacionadas diretamente aos investimentos, que são economia comportamental e finanças comportamentais.

Essas duas áreas do conhecimento buscam entender como os grupos e as pessoas tomam decisões econômicas e como os fatores comportamentais e emocionais afetam nossas decisões e transações no mercado financeiro, como a compra e a venda de ações, a tomada de empréstimos, a economia de recursos para a aposentadoria, dentre outros.

Essas duas linhas de pensamento partem do pressuposto de que os indivíduos nem sempre agem de forma racional, especialmente quando se trata de questões financeiras, e que as emoções, os vieses cognitivos e outros aspectos psicológicos desempenham um papel significativo nas escolhas financeiras dos indivíduos.

E para entender isso, a gente precisa falar sobre o conceito de racionalidade limitada.


As pessoas não tomam decisões pelo que sabem, mas pelo que sentem.” (Daniel Kahneman, Prêmio Nobel de Economia em 2002)

Racionalidade Limitada

A teoria econômica clássica, mais tradicional, adota como pressuposto a hipótese de que somos racionais e que sempre usamos a razão para tomarmos nossas decisões.

Essa suposição considera que os agentes econômicos são capazes de processar todas as informações relevantes, avaliar todas as alternativas disponíveis e tomar decisões que maximizam sua utilidade. E que para isso, esses agentes têm acesso a informações completas e perfeitas.

Os estudiosos em finanças comportamentais questionam essa racionalidade!

Os estudos de economia comportamental e das finanças comportamentais propõem a hipótese de racionalidade limitada, influenciada por vieses de comportamento. 

A racionalidade limitada sugere que, devido a restrições cognitivas e informações imperfeitas, as pessoas não podem processar todas as informações disponíveis de maneira completa e lógica, e por isso nem sempre tomam decisões que maximizam sua utilidade (obter maior satisfação possível utilizando seus recursos disponíveis) de forma estritamente racional.

Mobirise Website Builder

Em vez disso, elas usam heurísticas (atalhos mentais) e fazem escolhas que podem ser satisfatórias em vez de otimizadas.

Segundo essa linha de pensamento, nossas decisões estão sujeitas a vieses comportamentais que nos auxiliam e muitas vezes prejudicam o processo de decisão e comprometem a conquista da independência financeira.

Alguns desses vieses podem ocorrer, por exemplo, quando uma informação recente altera nossa percepção de futuro, mas existem vários outros desses vieses. 

O desempenho da Bolsa no último mês costuma ter esse efeito sobre a nossa percepção. Se a Bolsa teve um momento positivo, isso pode nos motivar a investir. E caso a bolsa tenha tido uma queda significativa, isso pode nos fazer adiar os planos de investimentos.

Não é preciso dizer que tomar decisão baseado neste tipo de vies não é uma boa decisão. Isso dá muita margem para o erro. No caso deste exemplo, é sempre importante lembrar que “performance passada não é garantia de resultado futuro”. E investir envolve conhecimento, técnica e estratégia.

Então conhecer os principais conceitos e áreas abordadas pela neurociência, economia comportamental e finanças comportamentais pode ser um diferencial para o investidor.

Temas e conceitos abordados na área

Quando tomamos conhecimento que nossa racionalidade é limitada e que fatores externos podem influenciar nossa tomada de decisão, podemos evitar algumas armadilhas no mercado financeiro. E somente depois de entender melhor isso e estudar sobre o tema vamos conseguir tomar melhores decisões em investimentos.

Os principais temas e conceitos estudados na economia comportamental e em finanças comportamentais incluem estudos sobre:

  1. Vieses cognitivos: As pessoas são propensas a vieses cognitivos, como a aversão à perda, excesso de confiança e ancoragem, que influenciam suas decisões financeiras de maneira sistemática e previsível.
  2. Heurísticas: As heurísticas são estratégias de simplificação (atalhos mentais) que as pessoas usam para tomar decisões rapidamente. No entanto, esses atalhos podem levar a erros de julgamento, como a regra da ancoragem, onde as pessoas ancoram suas decisões em valores iniciais.
  3. Satisfação versus maximização: Em vez de buscar a maximização absoluta de ganhos ou minimização de perdas, as pessoas muitas vezes fazem escolhas que são satisfatórias o suficiente dadas as circunstâncias e as informações disponíveis.
  4. Racionalidade Limitada: O conceito de racionalidade limitada reconhece que as capacidades cognitivas humanas são limitadas, e as pessoas geralmente tomam decisões dentro dessas limitações, adaptando-se às situações em vez de seguir estritamente a racionalidade absoluta.
  5. Teoria das perspectivas: Esta teoria sugere que as pessoas avaliam ganhos e perdas de forma assimétrica, dando mais peso às perdas do que aos ganhos, o que afeta suas escolhas financeiras.
  6. Teoria da escolha intertemporal: Estuda como as pessoas fazem escolhas entre recompensas a curto e longo prazo, levando em consideração o desconto temporal, que é a preferência por recompensas imediatas em detrimento de recompensas futuras.
  7. Teoria das emoções: Considera como as emoções, como o medo e a ganância, influenciam as decisões de investimento e a volatilidade do mercado.
  8. Comportamento de manada: Refere-se ao fenômeno em que as pessoas tendem a seguir o que a maioria está fazendo, muitas vezes levando a movimentos excessivamente otimistas ou pessimistas nos mercados financeiros.

Como você pode ver, são muitos os fatores que podem influenciar nossa tomada de decisão. E isso tem implicações práticas no nosso desempenho nos investimentos. 

Principais autores e livros

Os principais autores e livros sobre economia e finanças comportamentais podem ajudar você a entender melhor sobre o tema e a aprofundar seus conhecimentos em investimentos. 

  1. Daniel Kahneman: Ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2002, é uma das figuras proeminentes na economia comportamental. Ele é co-autor do livro "Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar," que explora os processos de pensamento rápido e lento e como influenciam o comportamento humano, incluindo decisões financeiras.
  2. Amos Tversky: Colaborador de Kahneman, suas pesquisas foram fundamentais para a identificação de vieses cognitivos. Tversky em parceria com Kahneman co-escreveu numerosos artigos acadêmicos sobre vieses cognitivos e comportamento irracional. 
  3. Richard H. Thaler: Notável por seu trabalho em economia comportamental e finanças. É um dos pioneiros na aplicação de princípios de psicologia ao campo financeiro. Ele é autor dos livros "Nudge: Improving Decisions About Health, Wealth, and Happiness" e "Misbehaving: The Making of Behavioral Economics." Ambos os livros exploram vieses cognitivos e como as pessoas tomam decisões financeiras.
  4. Robert Shiller: Conhecido por suas pesquisas sobre os mercados financeiros e a irracionalidade nas bolhas econômicas. Ele é autor de "Irrational Exuberance," que discute os excessos irracionais nos mercados financeiros e bolhas econômicas. Ele também co-autorou o livro "Animal Spirits: How Human Psychology Drives the Economy, and Why It Matters for Global Capitalism" (com George A. Akerlof), que explora como a psicologia influencia a economia.
  5. Dan Ariely: Autor de vários livros como "Previsivelmente Irracional", "A psicologia do dinheiro" e "Positivamente Irracional", explorou os vieses comportamentais na tomada de decisões econômicas.
  6. Morgan Housel: é um escritor e autor de renome, conhecido por seu trabalho na área de finanças e investimentos e por suas reflexões sobre finanças comportamentais, economia e tomada de decisões de investimento. É o autor do livro "A psicologia financeira".
  7. Meir Statman: Autor dos livros "What Investors Really Want", "Behavioral Finance" e "Finance for Normal People", ele investigou as motivações emocionais dos investidores.
  8. Hersh Shefrin: Notável por seu trabalho sobre finanças comportamentais e a psicologia dos investidores é autor dos livros "Behavioral Corporate Finance" e "Beyond Greed and Fear" sobre finanças comportamentais e psicologia dos investimentos.
  9. Shlomo Benartzi: Famoso por seu trabalho em economia comportamental e finanças pessoais, ele é conhecido por suas pesquisas sobre como as pessoas podem tomar decisões financeiras melhores. Dentre seus principais livros está o livro "Save More Tomorrow".
  10. Terrance Odean: Pesquisador notável que investigou o comportamento dos investidores individuais e a tendência de negociar em excesso.

Como você pode ver, são muitos os estudos e livros sobre o tema. Então aproveite essas dicas, aprofunde seus conhecimentos, evite cair em armadilhas e invista melhor! 



© Copyright 2023 Prime Investing. All Rights Reserved.

Free AI Website Creator