Os investidores sabem o que estão fazendo?

Entre 2016 e 2022 mais de 5 milhões de novos investidores começaram a investir na Bolsa de Valores. Será que eles sabem o que estão fazendo?

Os novos investidores na bolsa

Entre 2016 e 2022 o número de investidores na bolsa passou de 564 mil para mais de 5,8 milhões. Com a entrada de mais de 5 milhões de novos investidores nestes últimos anos, surgem algumas perguntas importantes.

  1. Quantos destes novos investidores sabem o que estão fazendo na bolsa? Investir no mercado financeiro está relacionado a vários fatores como estratégia de investimento e tolerância ao risco. Investidores que buscam o longo prazo operam diferente de traders, por exemplo. 
  2. Quantos tomam decisões de forma consciente? Os novos investidores na bolsa buscam geração de riqueza, porém nem todos sabem o que estão fazendo. A maioria deles opera influenciado por dicas de amigos ou de youtubers, confiando seus investimentos na opinião de terceiros.  
  3. Quantos investidores sabem como e onde investir? Além de escolher uma corretora e aprender a comprar e vender ações pelo homebroker, o investidor precisa definir uma estratégia que esteja alinhada ao seu perfil e objetivo para ter sucesso nos investimentos.
  4. Quantos investidores sabem qual o momento certo de sair? Muitas vezes uma ação ou uma empresa perde os seus  fundamentos. Continuar investindo em ativos ruins pode gerar muitos prejuízos. Saber a hora de sair de um investimento é tão importante quanto saber a hora de comprar uma nova ação.
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Essas e outra questões são importantes e devem ser levadas em conta na hora de começar a investir. E por isso é necessário ter um mínimo de conhecimento antes de entrar no mercado.

Dentre os fatores que são importantes para as decisões de investimento estão o momento econômico do país (o que envolve aspectos relacionados à taxa de juros e inflação) e também informações sobre o mercado, se ele está operando com uma tendência de alta, de baixa ou se está 'andando de lado'.

Essas informações vão servir para direcionar que o investimento seja mais focado em renda fixa, em renda variável, ou em fundos imobiliários por exemplo.

Todas essas informações podem sinalizar para o investidor se ele deve adotar uma postura mais defensiva ou se ele deve adotar estratégias mais arrojadas em seus investimentos.

Um ponto importante é que muitos destes novos investidores não tem conhecimento do mercado e por isso não sabem onde investir. Como consequência, esses investidores operam com base em indicações de terceiros, sejam eles influenciadores digitais ou mesmo profissionais do setor financeiros, como gerentes de bancos ou corretoras. 

O grande problema é que nem sempre essas pessoas fornecem as melhores informações, seja porque é realmente difícil avaliar todas as nuances do mercado ou porque em muitos casos pode haver conflito de interesses por partes destes profissionais. Então quando o investidor não tem conhecimentos mínimos ele fica sujeito a este tipo de orientação, que pode comprometer seus resultados.

Para entender melhor sobre essa questão, vamos ver algumas características de investimentos em função das tendências de mercado, das variáveis econômicas (juros e inflação) e dos conflitos de interesses.

Investimento em função das tendências de mercado

"Bull market" e "Bear market" são termos utilizados para descrever tendências opostas nos mercados financeiros, especialmente no mercado de ações. Eles refletem o comportamento geral dos preços dos ativos ao longo do tempo.

Um "bull market" é um período em que os preços dos ativos, como ações, estão em crescimento constante ou significativo. É caracterizado por otimismo generalizado entre os investidores, aumento na demanda por ações e uma sensação de confiança no mercado financeiro. Durante um bull market, é comum ver ganhos consistentes no valor dos ativos ao longo do tempo.

No bull market os investidores podem optar por comprar ações de empresas sólidas com foco no longo prazo, com a expectativa de que seus valores continuem aumentando ao longo do tempo. É uma estratégia conhecida como Buy and Hold (comprar e ficar coma ação).

Neste cenário, alguns setores podem apresentar um desempenho superior na bolsa, como o setor de tecnologia e de consumo.

O "bear market" é o oposto do bull market!

O bear market é um período em que os preços dos ativos estão em declínio constante ou significativo. Isso geralmente ocorre quando há uma falta de confiança no mercado, preocupações econômicas ou eventos negativos que afetam a confiança dos investidores. Durante um bear market, os investidores tendem a ser mais cautelosos e os preços dos ativos geralmente diminuem.

Neste cenário os investidores assumem uma posição mais defensiva. Eles podem podem optar por mover parte de seus investimentos para ativos mais seguros, como títulos do governo, ou diversificar suas carteiras para minimizar riscos.

Uma outra opção é investir em empresas de setores perenes, que são empresas que têm a geração de receitas e de lucros mais previsíveis e que por isso tendem a pagar dividendos constantes. Ações de empresas que pagam dividendos consistentes podem ser uma boa escolha, já que os dividendos podem fornecer alguma renda durante um período de baixa.

Existe até um acrônimo para estas empresas, conhecidas como BESST (que tem a pronúncia similar ao termo "best" do inglês e  que indica que são as melhores empresas). O nome BESST vem das iniciais dos setores de Bancos, Energia, Saneamento, Seguros e Telecomunicações.

Por serem empresas que fornecem produtos ou serviços públicos essenciais para a população, elas não são fortemente afetadas pelo desempenho da economia.

Existem ainda operações mais avançadas no bull market, como operações de venda a descoberto (short selling) em que traders experientes podem tentar lucrar com a queda dos preços das ações, emprestando ações de terceiros e vendendo-as a um preço mais alto, com a intenção de recomprá-las a um preço mais baixo.

Além das tendências do mercado, outro fator importante a ser considerado é com relação à taxa de juros ou inflação, que vão direcionar os investimentos para renda fixa ou variável.


Resultados acima da média no longo prazo são produzidos mais evitando decisões burras do que tomando decisões brilhantes.” (Warren Buffett)

Investimento em função da taxa de juros e inflação

A relação entre a taxa de juros e a inflação é fundamental na economia e tem um impacto significativo em diversas áreas, incluindo os investimentos, a política monetária e o poder de compra da moeda.

Quando as taxas de juros são reduzidas, a tendência é que a inflação aumente ou acelere. Isso ocorre porque taxas de juros mais baixas tornam o crédito mais acessível e barato, estimulando o consumo e os investimentos. O aumento da demanda pode pressionar os preços para cima, levando a um aumento na inflação.

E é justamente por isso que o aumento da taxa de juros é uma das ferramentas de política monetária mais utilizadas para o controle da inflação, pois quando a taxa de juros está mais alta há um desestímulo no consumo em função do crédito mais caro, reduzindo a demanda e levando a preços mais baixos. 

Com relação aos investimentos, quando a taxa de juros está alta é comum que muitos investidores invistam em renda fixa, geralmente em algum título atrelado à taxa Selic por exemplo, onde o risco é menor e a remuneração pode ser mais interessante.

Quanto a taxa de juros está baixa, a renda fixa deixa de ser interessante e por isso a renda variável (investimento em bolsa) tende a ser mais rentável, apesar do risco ser um pouco maior. Neste cenário é esperado um estímulo ao consumo pelo efeito multiplicador, fazendo com que as empresas na bolsa vendam mais e tenham melhores resultados.

São conceitos relativamente simples, mas que nem todos os investidores têm conhecimento.

O momento que o Brasil vive atualmente no mercado financeiro (ago/2023) é de uma taxa de juros ainda alta e um grande número de investidores. Mas isso nem sempre foi assim. De alguns anos para cá temos vistos mudanças importantes nestes dois aspectos.

Com relação às taxas de juros, a taxa Selic apresentou uma tendência de queda entre 2016 e o final de 2020, quando a taxa chegou a 2,0% a.a, uma situação em que o aumento do consumo é estimulado. É importante observar que taxas de juros baixas servem como um gatilho para o aumento da inflação.

De 2021 até agosto de 2022 vimos um crescimento constante e gradual da Selic, a medida econômica mais utilizada para controle de inflação. A Selic se manteve em 13,75% a.a. entre agosto de 2022 e agosto de 2023, dando sinais de queda a partir dessa data.

E esse tipo de informação potencialmente impacta o comportamento dos investidores e seus próximos movimentos no mercado.

Independente da taxa de juros ou inflação, é sempre importante manter um valor investido em renda fixa para reserva de emergência ou para aproveitar oportunidades na bolsa. Esse valor pode variar, mas deve cobrir de 6 a 18 meses do custo de vida atual do investidor, considerando despesas básicas. 

Essa reserva de emergência deve ser investida em ativos ou fundos de alta liquidez, até mesmo em função do seu propósito (emergência ou aproveitar oportunidades).

E por fim também tem a questão dos conflitos de interesses.

Conflito de interesses nos investimentos

Muitos investidores, por falta de conhecimento ou por conta dos vieses comportamentais, acabam cometendo erros que podem custar muito dinheiro no longo prazo. Um dos erros mais comuns é investir por meio de dicas de terceiros com base em conceitos equivocados ou por conflito de interesses

O conflito de interesses entre investidores e instituições financeiras surge quando essas entidades, como corretoras ou bancos, oferecem produtos ou serviços que podem não estar alinhados com os melhores interesses dos investidores. Isso ocorre quando as instituições priorizam suas próprias metas financeiras, como a obtenção de comissões ou lucros, em detrimento da obtenção dos melhores resultados financeiros para os clientes.

Esses conflitos podem resultar em recomendações de investimento enviesadas, venda de produtos complexos e caros sem a devida transparência, ou a falta de divulgação de informações importantes que os investidores precisam ter para tomar suas decisões. 

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O “investimento em poupança" ou em "títulos de capitalização" são exemplos destes tipos de investimentos.

Poupança e títulos de capitalização são produtos financeiros com baixa rentabilidade e que geralmente servem apenas como correção monetária. Em outras palavras, eles não vão gerar ganhos para o investidor e sim evitar que o dinheiro se desvalorize ao longo do tempo. 

Para o banco que está oferecendo estes produtos é interessante, porque ele capta o seu dinheiro barato e remunera pouco por isso.

E é justamente o seu dinheiro que o banco vai emprestar para terceiros com uma taxa de juros maior, ganhando muito com isso, o que é chamado de spread bancário.

Por isso fique você precisa ficar atento ao possível conflito de interesses de quem está te oferecendo uma dica de investimento, seja um banco, uma corretora ou um influenciador.

Para proteger seus interesses, os investidores devem estar cientes desses conflitos, buscar orientação independente e examinar cuidadosamente as ofertas financeiras antes de tomar decisões de investimento.

Existem muito boas opções de instituições financeiras sérias por aí, que estão interessadas no seu sucesso financeiro. E para evitar de cair em golpes, armadilhas ou dicas enviesadas, procure conhecer as melhores opções de bancos e corretoras para seus investimentos, aquelas que se adequem mais ao seus objetivos e perfil como investidor.

Existem muitas formas de fazer o seu dinheiro render mais e conhecer isso vai te ajudar a chegar mais rápido nos seus objetivos. Então aprenda a investir melhor e bons investimentos!



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