Muita gente simplesmente não dá atenção para os próprios gastos, mas eles são importantes. É comum vermos pessoas ganhando salários altíssimos e ainda assim estarem sempre endividadas. Da mesma forma, vemos várias pessoas ganhando relativamente pouco, mas que conseguem guardar dinheiro no fim do mês.
É lógico que ter altos rendimentos facilita o processo de guardar dinheiro, mas talvez isso não seja o mais importante. A questão não é exatamente o quanto você ganha, mas sim o quanto e como você gasta.
Até porque, de que adianta ganhar bem se você vive devendo para bancos, pagando juros no cartão de crédito, usando limites de crédito ou pagando taxas de financiamento abusivas?
Se você não ficar atento aos gastos, pode perder tudo para esses bancos, instituições financeiras ou pior, para agiotas. Isso pode ocorrer com qualquer pessoa, pois é reflexo da maneira com que cada um administra seu próprio dinheiro.
Muitos milionários já perderam fortunas incríveis, milhões e milhões de dólares desperdiçados em pouquíssimo tempo. Mas você pode ser perguntar: Mas como isso é possível?
A explicação é simples! Geralmente isso ocorre em função do estilo de vida, de investimentos errados e do mau uso do dinheiro!
Um dos exemplos do mau uso do dinheiro é a falta de planejamento, os gastos feitos por impulso ou com objetivo de ostentação para impressionar outras pessoas. A consequência disso pode ser a perda do controle sobre o próprio dinheiro e com isso gastar mais do que se ganha.
São muitos os casos de pessoas que passaram por situações como essas.
Um dos casos mais emblemáticos sobre estilo de vida e altos gastos é de Jorginho Guinle, um socialite que após ter gastado quase toda sua fortuna (uma herança avaliada em cerca de 100 milhões de dólares) em festas, viagens e mulheres, faleceu aos 88 anos de idade morando de favor no hotel Copacabana Palace.
É importante dizer que no caso do Jorginho Guinle foi uma opção de vida, como já foi dito em um programa do Jô Soares (mas isso é uma história para outro momento).
Outro caso curioso foi de George Best, um jogador de futebol britânico, gastou grande parte de sua fortuna com diversos prazeres e terminou a vida com muitos problemas. Novamente um estilo de vida que custou caro no final.
E em função das redes sociais o problema ainda pode tomar outras proporções.
Tem um ditado famoso que diz que "só se vive uma vez". Com base nessa ideia, muita gente vive como se não houvesse amanhã, desperdiçando dois dos bens mais precisos que a gente tem: tempo e dinheiro.
E essa questão ganha novos contornos em função das redes sociais. Recentemente a gente tem ouvido muito falar sobre o acrônimo FOMO ( formado pelas iniciais de "Fear Of Missing Out"), que pode ser traduzido como "o medo de ficar de fora".
Na prática, FOMO é um termo usado para descrever uma sensação de ansiedade ou medo que algumas pessoas têm ao acreditar que estão perdendo oportunidades, experiências ou eventos interessantes que seus amigos ou conhecidos estão aproveitando (e eles, não). Essa sensação é intensificada pelos exposição constante a informações nas redes sociais.
E o medo de perder oportunidades como viagens, festas ou qualquer eventos social que pareça empolgante faz com que essas pessoas que sofrem com o FOMO tenham um estilo de vida impulsivo e com isso acabem se endividando.
A consequência é que muitas muita gente tem adotado um estilo de vida incompatível com seu rendimento, o que acaba comprometendo o futuro dessas pessoas. O elemento em comum é que quase sempre nestes casos o que se busca é viver o presente, sem se preocupar com o futuro.
Parte dessa explicação está relacionada à nossa evolução da pré-história até os dias atuais, já que alguns fatores que podem justificar nossas decisões são relacionados aos nossos instintos de recompensa imediata, à nossa racionalidade limitada e aos vieses comportamentais.
Por mais que tenhamos conhecimento sobre o que devemos ou não fazer, sempre encontramos justificativas para nossas ações, especialmente quando relacionadas ao consumo. Essa foi uma das conclusões obtidas por Martin Lindstrom, autor do livro "A Lógica do Consumo" e conhecido por seus insights sobre os aspectos psicológicos do comportamento do consumidor.
A mesma conclusão foi obtida por Zig Ziglar, um vendedor e orador motivacional americano ao dizer que as pessoas tomam decisões de compra influenciadas pela emoção e depois buscam justificativas racionais.
Com o crescimento das redes sociais as pessoas passaram a exibir seus estilos de vida em "festas, eventos e viagens extraordinárias".
O mundo digital também trouxe na telinha do celular o acesso a "objetos de desejo e sonhos de consumo" como carros, casas, aparelhos eletrônicos e tantas outras coisas que nos fazem sonhar com uma vida diferente. O que a gente não pode esquecer é que as redes sociais não refletem a realidade das pessoas. Nem tudo o que está ali é verdade!
Quando tentamos ter o mesmo padrão de vida que vemos nas redes sociais corremos o risco de gastar muito além do que ganhamos, e é justamente neste ponto que está o problema.
Quando nosso padrão de vida está acima dos nossos rendimentos, corremos riscos de destruir nosso patrimônio pouco a pouco. Acabamos utilizando recursos que não temos (cartão de crédito e limites no banco) para financiar nossos luxos e no final das contas isso sai caro demais.
Quem trabalha com finanças sabe que um investimento aplicado a uma taxa de juros de 6% ao mês é capaz de gerar um retorno de 100% ao final de um ano, ou seja duplicar o valor de um investimento.
O mesmo acontece quando temos uma dívida!
Se você tem dívidas ou financia um produto com uma taxa mensal de 6%, no final de um ano você terá pago o dobro do valor do produto. Por isso devemos estar atentos às taxas do cheque especial e de cartão de crédito, que costumam ser superiores a isso.
A questão aqui não é deixar de fazer todas as coisas que dão prazer, mas adequar o estilo de vida ao orçamento e gastar melhor. Gastar melhor nos permite continuar aproveitando momentos que nos fazem felizes, sem colocar em risco o nosso patrimônio.
Em algum momento precisamos nos perguntar se precisamos trocar o celular todos os anos, se precisamos mesmo ter 30 pares de sapatos ou se precisamos tomar um vinho de R$ 400.
Se você tem um gosto refinado ou se o seu padrão é alto mesmo, então considere aumentar seus rendimentos e ganhar mais do que você gasta. Mas se for apenas para ostentar ou impressionar alguém, considere mudar rapidamente.
É uma questão de fazer contas e rever a forma de pensar. Até porque, cada centavo poupado pode virar investimento e gerar renda passiva no futuro.
Muita gente não se preocupa com o futuro sob o pretexto de que "só se vive uma vez". Este talvez tenha sido o lema de Jorginho Guinle e de tantos outros, mas não se engane, a vida cobra caro por decisões como esta.
Com o avanço da medicina a gente tende a viver mais e por isso precisa estar preparado. Aquele que não olhar para o futuro como uma possibilidade real pode estar condenado a viver apenas de lembranças.
Isso sem contar que é justamente no futuro que podemos precisar mais de dinheiro, pois não teremos mais a mesma força de trabalho e os gastos com a saúde podem ser maiores. E com alguns agravantes: em decorrência dos avanços da medicina, viveremos mais e em função da mudança da pirâmide etária no Brasil e no mundo, conseguir aposentadoria pelo INSS não é algo certo e seguro.
Então se quisermos garantir um futuro com algum padrão de vida com alguma qualidade, precisamos pensar tanto em poupar quanto em investir melhor, ou eventualmente pagar uma previdência complementar, uma previdência privada.
O controle de gastos é um dos pilares para atingir a independência financeira. Aquele que gasta melhor tem mais recursos para investir e, ao longo do tempo, esse dinheiro pode se multiplicar e garantir bons dividendos.
Lembre-se, não deixe de fazer o que te faz feliz! Reveja seus gastos, adeque o seu padrão de vida, saia das dívidas do cheque especial e do cartão de crédito e comece a investir no seu futuro.
No Code Website Builder